Quando
ingressei no mundo da trova, uma das coisas que mais me chamou a atenção foi a
longevidade dos trovadores, aliada a uma excelente qualidade de vida. Basta
olhar para o nosso grupo: temos vários representantes acima dos 80 anos, sempre
com disposição para viajar e afiadíssimos no quesito inspiração para a poesia.
Percebe-se
uma correlação entre o bem estar físico e o mental com a produção de trovas. Um
trovador não fica necessariamente entediado quando está em uma sala de espera
ou parado no trânsito. Já coloca a inspiração para trabalhar, tentando compor
trovas. O exercício é excelente: fazer caber em quatro versos uma ideia
completa, com rima e métrica adequadas. Na cabeça assim ocupada não se abrem
portas para pensamentos negativos.
Comprovam
essa afirmação dezenas de trovadores ativos e longevos, mas o nosso maior
exemplo é Carolina Ramos, que acaba de completar 90 anos em plena atividade
intelectual. Lançou recentemente o livro A “Trova – raízes e florescimento”,
onde foi responsável pela redação e coordenação de um vasto material sobre a
trova, esmiuçado em 420 páginas.
Carolina
trilhou o caminho da trova desde o seu início e dedicou toda a sua trajetória à
perpetuação do sonho de Luiz Otávio. De uma delicadeza e uma simpatia únicas, é
figura que não pode faltar em nenhuma festa de premiação.
Participa
religiosamente do blog da Trova-legenda, e quando recebe a imagem, depois de 5
ou 10 minutos já envia a trova, feita de
impulso, mas sempre linda e perfeita, como esta:
Não
te fies num afago,
teme
o barco a calmaria...
-
a brisa que encrespa um lago,
no
mar, vira ventania!!!
A.
A. de Assis, outro exemplo de acurácia mental, também atribui à trova
qualidades terapêuticas e confessa sua fórmula de bem-estar assim:
Trova
é bom para saúde,
faz
amigos, dá prazer.
Talvez
até nos ajude
a
esquecer de envelhecer...
Por
essa razão, afirmo que a trova, além da beleza de sua poesia e das amizades que
possibilita, ainda nos oferece essa
perspectiva de manter nossos neurônios ativos para um futuro mais produtivo e
saudável.
Eliana
Ruiz Jimenez
Publicada
no Boletim Nacional em abril/2014
Excelente artigo, Eliana! Fruto da sua fina sensibilidade e observação. Parabéns! Nós, os longevos da UBT, agradecemos. Renato Alves
ResponderExcluirArtigo muito bem escrito e consonante com a realidade que todos os trovadores podem testemunhar, se não por experiência própria, também pelo testemunho que presenciamos no nosso ambiente de irmãos trovadores. A trova nos alegra, nos une e nos faz felizes, sem dúvida alguma.
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