Bem-aventurados os que sonham. Chama-os Deus poetas.*

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

TROVAS DE LUIZ CARLOS ABRITTA

 



Eu confesso abertamente,

e disso não me envergonho,

que tu foste, simplesmente,

o amplo portal do meu sonho.

 

Eu tenho perseverança

e à tristeza me anteponho:

garimpeiro da esperança,

sempre vivi do meu sonho.

 

Nenhum amor se constrói

só com flores e ternura,

pois aquele que mais dói

certamente é o que mais dura.

 

Aos jovens dou um conselho,

nesta vida tão incerta:

não se olhem tanto no espelho

pois Narciso é morte certa!

 

"Veredas, grandes sertões"...

a nossa vida é uma estrada

toda cheia de senões,

do início ao fim da jornada.

 

Nosso amor já teve história

e, por isso, eu te proponho

seja posto na memória

do relicário do sonho.

 

Novo estatuto vigora

nas leis do amor hoje em dia:

sei que vale mais o agora

do que a mais bela utopia!

 

Na tessitura do sonho,

vou cortar, sem mais tardança,

esse nó górdio que imponho

a um amor sem esperança.

 

Em cada nota eu receio,

na pauta que a vida escreve,

que transformem nosso enleio

numa simples semibreve.

 

Do simples pó eu procedo,

sei que a ele hei de voltar;

a vida não tem segredo:

é um eterno retornar.


LUIZ CARLOS ABRITTA nasceu no dia 24 de janeiro de 1935 em Cataguases/MG, filho de Oswaldo Abritta e de Yolanda Nery Abritta. Procurador de Justiça aposentado. Presidiu entidades como UBT de Belo Horizonte, do Estado de Minas Gerais e UBT Nacional, além da Academia Municipalista de Letras, entre tantas outras. Mais de uma dezena de livros publicados. Faleceu em 18 de novembro de 2021 em Belo Horizonte, onde era domiciliado, aos 86 anos.



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