Fonte: Chuva de versos n. 160 de José Feldman, 11/06/2014
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Abra a porta, deixe a luz
resgatar seu coração.
Vá sem medo, faça jus
a viver nova paixão.
A caridade amplifica
o sentimento cristão,
que tão bem se multiplica
quando é feita a divisão.
Agir certo não tem custo,
sendo a igualdade premissa;
dar sempre ao justo o que é justo:
é assim que se faz justiça!
A prudência é uma balança
que equilibra a nossa vida
ao dosar, com temperança,
a tentação desmedida.
Bem no alto, aqui estou;
neste ápice, a conquista.
Mas de nada adiantou:
tu não estavas à vista…
Cai de tapa a Januária
no traste do maridão,
ao saber que a funcionária
ficou “gorda” de um serão.
Caminhar é minha sina,
em campo ou desfiladeiro,
nesta busca peregrina
por um amor verdadeiro.
Chave de casa perdida
por defeito da memória:
- Terceira idade assumida,
já não há escapatória.
Chega ao fim nossa jornada
em cruel bifurcação.
Vou seguir em outra estrada,
deixo aqui meu coração.
Cheiro de terra molhada
é convite à nostalgia
de minha infância encantada
onde morava a alegria.
Como é que pode, hoje em dia,
um homem achar prazer
na farra da covardia
que é ver um boi padecer…
Criança muito levada,
que corre, chuta e sacode…
Que disciplina, que nada:
- Casa da vó tudo pode!
Desfazendo a natureza,
vai o homem construtor
desconstruindo a certeza
de um futuro promissor.
Deu-me as asas o Senhor,
e, ao voar no infinito,
vou buscar meu grande amor,
o meu sonho mais bonito!
Em pintura impressionista
a primavera desponta:
flores a perder de vista,
cores de perder-se a conta.
Enfrentando a tempestade,
vou remando na ilusão
de encontrar a claridade
que desnude a escuridão.
É preciso uma aliança
entre o querer e o poder,
pois é só com temperança
que se alcança o bem-viver.
Esse mundo feminino
de segredos permeado
é um gracejo do destino
pelos homens odiado.
Esta vida me sequestra
numa espera de ilusão…
- Só o amor tem chave-mestra
para abrir meu coração.
Estrondo, coisa danada,
será trem ou avião?
- Barulho na madrugada
é o ronco do maridão…
Felicidade almejada,
no meu futuro eu diviso:
- Em teus olhos, a alvorada;
no teu corpo, o paraíso.
Fingindo que foi tropeço,
garantiu o seu futuro…
O figurão paga o preço:
pensão para o nascituro!
Hesitei, o trem passou,
e, ao correr pelo seu trilho,
só a poeira me restou
e a lembrança do seu brilho.
Imagens de infindas cores
emocionam o turista:
- Povos, culturas, sabores
passando o mundo em revista.
Já não temos mais fraqueza:
- Fome zero… companheiro.
Olha só pra robusteza
que arredonda o brasileiro!
Jaz latente enternecido
nas vertentes do meu ser
um amor adormecido
esperando efervescer.
Justiça é a busca do bem,
da harmonia em sociedade;
é o respeito que se tem
ao próximo, em igualdade.
Lua cheia, céu em festa
é um momento inspirador,
nós na rede, uma seresta,
embalando o nosso amor.
Não é o homem proprietário
nem senhor da criação;
é somente um usuário
que fez usucapião.
Não mais se comove o homem
com os sons da natureza.
Seus maus instintos consomem
o rio, a mata, a beleza…
Na vida não busque atalhos;
desvios são ilusão,
nada mais do que atos falhos
que atrapalham a missão.
Nesta vida o encantador,
com maior significado,
dá-se ao cativar o amor
e ao render-se, cativado.
Noite quente, lua cheia,
é receita milenar:
- Paixão louca que incendeia
os casais sob o luar.
Nos percalços dessa vida
já deixei muita pegada
como marca dolorida
dos reveses da jornada.
Nossa vida é aventura
de amor incondicional
com sabor de uva madura
à sombra do parreiral.
Numa empresa não há ócio
com um bom empreendedor,
mas o lucro do negócio
quem o mostra é o contador.
Numa profusão de cores
vem o outono, sedutor,
inspirar os sonhadores
num convite para o amor.
O mar de um azul profundo
e as montanhas esverdeadas
são belezas deste mundo,
precisam ser preservadas.
O amor inspira a vontade
de viver com alegria.
Não importa a tempestade,
cante e dance todo dia.
O futuro do planeta
não é segredo a ninguém;
preserve e se comprometa
que a vida assim se mantém.
Os mistérios da conquista,
como olhares, sedução,
são enigmas cuja pista
bem esconde o coração.
Paraíso, Liberdade,
Morumbi, Consolação:
- se for amor de verdade,
tanto faz a direção.
Patrimônio bem cuidado
não é só na aplicação;
tem mais valor partilhado
fazendo o bem ao irmão.
Peço ao mar que não me esconda
em tamanha vastidão:
- Traga logo em sua onda
quem me cure a solidão.
Pensamento irresolvido
remoendo a mesma história:
- um amor não esquecido
reticente na memória.
Pescador mais esportivo
deixa seu peixe escapar,
melhor solto que cativo,
para assim o preservar.
Pescadores não se enganam
na sua avaliação:
- Redes vazias emanam
do descaso e poluição.
Poetas são pescadores
de palavras e emoção:
fisgam assim seus amores
com os versos da paixão.
Por ser eterno esse amor,
não amedronta a partida;
sendo Deus o condutor,
não existe despedida.
Presença no firmamento
em noite clara, estrelada:
- É o amor de Deus que, atento,
nos guarda na madrugada.
Quando, ao vestir-se, derrapa
e a falsa amiga a critica,
a resposta é um belo tapa…
mas com luva de pelica.
Quantas bênçãos recebidas
quando se caminha aos pares:
um ideal, duas vidas,
dois corações similares.
Rede que volta vazia
traz tristeza ao pescador
que apesar da nostalgia
leva adiante o seu labor.
São forças da natureza,
não se pode fazer nada:
– fogo, vulcão, correnteza…
e a mulher apaixonada!
Saudade é uma dor pousada
nos ombros da solidão:
felicidade passada,
vedada a repetição.
Segredos engarrafados
boiando ao sabor do vento…
Corações despedaçados
para os quais não houve alento!
Sentimento irresponsável
perturbando o coração:
- é o amor, força implacável
fez perder minha a razão.
Seu olhar insinuante,
que tanto brilha me atesta:
- Uma fagulha é o bastante
para incendiar a floresta.
Sol e mar… calor, beleza…
vêm mostrar à humanidade
que o homem e a natureza
têm a mesma identidade.
Só o amor tem o condão
de avivar, resplandecer,
transformando a escuridão
em radioso amanhecer.
Sorria pra natureza,
respeite e sempre preserve,
só assim teremos certeza
que o mundo assim se conserve.
Sua luz, como um farol,
me guiou na tempestade:
fez surgir um lindo sol,
que selou nossa amizade.
Traz o arco-íris à lembrança
que, ao criar tanta beleza,
Deus nos fez, em confiança,
tutores da natureza.
Triste destino bizarro
de um país na contramão:
alunos chegam de carro;
professor, de lotação.
Trovadores, em verdade,
são irmãos na inspiração,
na partilha da amizade,
no carinho e na emoção.
Um amor que se alardeia
não passa de sonho vão:
é só castelo de areia
escorrendo pela mão.
Uma vida sem amor
é qual comida sem sal:
em ambas falta sabor,
por ausente o principal.
Um casal apaixonado
faz da vida um carrossel
de emoções, desgovernado,
rodopiando rumo ao céu.
Um segredo bem guardado
para assim permanecer
não deve ser partilhado
para nunca se perder.
Urge o tempo, faz-se escasso,
e, ao sofrer na despedida,
o nosso amor, sem espaço,
mostra a vida não vivida.
Valorando o sem valor,
conjugando o verbo ter,
esqueceu-se quanto amor
num ranchinho pode haver.
Vejo no espaço infinito
e em cada constelação
nosso amor nos céus inscrito
como obra da criação.
Vivo sempre a divagar,
no silêncio em que me abrigo:
- Ah que bom poder voltar,
a estar outra vez contigo!
Voa, passarinho, voa,
que gaiola é só maldade.
Livre, lá nos céus entoa
o cantar da liberdade.
Fonte: Chuva de versos n. 160 de José Feldman, 11/06/2014
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Parabéns a ÓTIMA trovadora !!!
ResponderExcluirHenrique Eduardo Alves Pereira
Maracanaú - CE -